Ray Bradbury, autor de Fahrenheit 451, pediu e a turma imaginou que livros protegeriam das
chamas!
Fernanda, Giovanna, Rafaella e Rebecca salvam quatro livros imperdíveis. Leia suas resenhas!
A VIDA NAS PALAVRAS
Rafaella
R. de Faria
Markus
Zusak, escritor australiano, sempre ouvia histórias sobre a Alemanha Nazista.
Então decidiu lançar, em 2005, um livro sobre este assunto. “A menina que
roubava livros” (The Book Thief) tem um enredo envolvente e ao mesmo tempo
trágico, que não dá para parar de ler nem por um segundo.
A história é narrada pela morte, o que
a torna especial e diferenciada. Liesel, uma menina que escapa da morte três
vezes, é assombrada por pesadelos durante a Segunda Guerra Mundial. Seu irmão
morre no trajeto a uma cidade alemã e Liesel estava presente nesse momento e é
nesse momento que a menina tem seu primeiro contato com um livro. Os irmãos são
enviados ao subúrbio, pois a mãe comunista passa a ser perseguida por nazistas.
Liesel, sozinha, é adotada por um casal e somente o pai adotivo, Hans, a
compreende. Faz amizade com Rudy, um menino que foi obrigado a integrar à
Juventude Hitlerista. Tem contato com um judeu, Max, que faz livros
ilustrados... e rouba livros da mulher do prefeito, que trazem um novo sentido
à sua vida.
Não tem como falar da “menina que
roubava livros” e não relembrar sua capa (criada por Mariana Newlands). Apenas
uma mulher, uma árvore e três cores são ilustradas: vermelha, branca e preta, o
que causa um ar sombrio. Além disso, a contracapa, com apenas uma frase, faz
você refletir e pensar sobre a obra: “Quando a Morte conta uma história, você
deve parar para ler”. É uma sensação intrigante.
Muitos adolescentes não compram este
livros por causa do número de páginas (468), porém não tem como retirar uma só
palavra desta obra. O leitor se emociona ao perceber o poder das palavras e
suas mensagens, se comove com o sofrimento dos judeus e com a queima de livros,
algo que também é retratado no livro Fahrenheit 451 (Ray Bradbury).
“A menina que roubava livros” é uma
obra que realmente deve ser memorizada e lembrada no futuro.
UMA ORQUÍDEA FORMA-SE
Giovanna Piesco
No ano de
1945, dois marcantes e terríveis períodos da história da humanidade se
encerravam. No Brasil, declarou-se o fim da Era Vargas e a volta da tão
aclamada democracia. No mundo, se encerrava a Segunda Guerra Mundial. Nesse
mesmo ano, foi publicada a obra A Rosa do
Povo, de Carlos Drummond de Andrade, que refletiu de maneira profunda os
sentimentos de uma sociedade abalada pelo caos em que se encontrava o mundo.
Composta
por 55 poemas e publicada pela Companhia
das Letras, a obra discute da temática social ao fazer poético de maneira
magnífica. A disposição do autor para o engajamento político provocou uma
preocupação inevitável sobre a função da poesia, fazendo com que a utilização
da metapoesia se tornasse quase uma necessidade.
Levando-se
em consideração a importância de tal obra para a história da literatura e da
humanidade, esta não poderia ser perdida com o tempo. Com isso, em uma situação
como a de Fahrenheit 451, uma ficção na qual ocorre a queima de livros, A Rosa do Povo deveria ser protegida, sendo
memorizada e lembrada no futuro.
Ao poetizar os nefastos e odiosos sentimentos, provocados pela opressão
e pela guerra, e buscar o sentido da poesia, Drummond transforma-se em sua
própria metáfora. Metamorfoseia-se, tornando-se a orquídea antieuclidiana de Áporo, que surge onde não parece haver
escape.
Rebecca São Pedro
Lúcia Machado de Almeida, com o clássico
livro da literatura infanto-juvenil “O Escaravelho do Diabo”, vem encantando o
público jovem com a história policial, repleta de mistérios, desde 1972.
Tudo começa em Vista Alegre com Alberto,
estudante de medicina, que acaba de encontrar seu irmão Hugo, jovem de cabelos
ruivos, morto com uma espada cravada em seu peito. Ninguém poderia se quer
imaginar que esse seria apenas o primeiro assassinato, onde todas as vítimas
possuem lindos cabelos ruivos e, antes de suas devidas mortes, recebem um
escaravelho. Obcecado por descobrir quem é esse terrível assassino, Alberto
conta com a ajuda do Inspetor Pimentel e se apaixona por uma bela menina de
cabelos avermelhados.
Tendo apenas 128 páginas, o livro da
Editora Ática, na coleção Vaga-Lume, cativa a geração de novos leitores,
fazendo com que se encantem pelo gênero mistério. Sendo “O Escaravelho do
Diabo” uma obra voltada para o público infanto-juvenil, esta não possui um
terror psicológico excessivo e muito menos descrições macabras. No entanto,
isso nada afeta o fato de que o leitor se prenda à maravilhosa sequência de
crimes que ocorrem no decorrer da história e à incrível semelhança entre as vítimas.
Em adaptação aos quadrinhos de Fahrenheit 451, o próprio autor, Ray
Bradbury, sugere aos leitores que um livro seja selecionado para então ser
memorizado e protegido dos bombeiros queimadores de livros. Por ser simples,
porém envolvente, fazendo com que o gosto pela leitura seja despertado no jovem
leitor, “O Escaravelho do Diabo” seria meu escolhido.
Vulgo ‘’Casmurro’’, ‘’Dom’’ por ironia Marina Teles Sutija Bentinho foi prometido pela mãe, D. Glória, à vida eclesiástica antes mesmo de respirar os ares de Capitu, sua vizinha. Por ela apaixonado, foi ao seminário, de onde volta e se casa com a menina de tranças longas e olhos de ressaca, Capitu. De seu casamento nasce Ezequiel, que quanto mais moço, mais parecido com Escobar, colega da faculdade de Direito de Bentinho, casado com Sancha, amiga de Capitu. Entre mortes, desencontros e ressacas de olhos, boca e ouvidos, Bentinho torna-se Dom Casmurro, encasulado ‘’à la recherche de temps perdu’’ (RJ: Editora MEDIAfashion). Um romance, obra-prima inegável de Machado de Assis (1839-1908), publicado em 2008 na primeira edição da Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros (336 págs.), aborda temas como a família patriarcal e a vida eclesiástica imposta pelos pais no século XIX, característica marcante de um romantismo resgatado, com paixão, ciúmes e adultério que acorrentam o leitor em uma relação de amor (por mais pesada que possa ser a leitura, num desfecho tardio) e, quem sabe, ódio (dizem que estes andam bem próximos). ‘’Não consultes dicionários, ‘’Casmurro’’ não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. ‘’Dom’’ veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo’’. Machado de Assis trouxe um homem à vida, com seus defeitos e qualidades, medos e inseguranças atemporais. ‘’Dom Casmurro’’ aparenta ser só uma casca oca, mas expõe a carne e as veias de Bentinho em uma atmosfera memorialista, unindo infância e velhice, as duas pontas da vida. Passado e presente unem-se então, num futuro que é nada mais que o hoje, com ‘’Fahrenheit 451’’, de Ray Bradbury, mostrando as faces de homens como nós, enjaulados e usurpados buscando por libertação através das palavras. Palavras estas, que devem ser guardadas para que Bentinho continue pulsando por entre as entranhas da casca do velho Casmurro, e para que Machado continue pulsando em nossas bocas e ouvidos. Elas devem ser protegidas do esquecimento, mantidas distanciadas da temperatura 451°F, da queima do papel. O fogo que houver, será para aquecer as rodas de histórias jamais esquecidas.
AVENTURAS E MISTÉRIOS
INTERLIGADOS
Fernanda Alves Sobrinho
O livro “Interligados - Aden Stone e
a batalha contra as sobras”, de Gena Showalter, uma escritora estadunidense do
gênero de romance contemporâneo, é dirigido ao público infanto-juvenil e foi
publicado pela editora Universo dos Livros de São Paulo no ano de 2010, com 448
páginas repletas de aventuras, romances e mistérios.
O livro conta a história de Aden Stone,
um garoto de 16 anos que, desde quando nasceu, carrega em sua mente quatro
almas com dons específicos: Julian ressuscita os mortos, Elijah prevê o futuro,
Caleb consegue tomar para si o corpo de outra pessoa e Eva pode viajar no
tempo. Como consequência disso, o garoto era visto como esquizofrênico e passou
sua infância e adolescência em clinicas psiquiátricas e em reformatórios,
sempre desejando um pouco de paz e privacidade em seus pensamentos. Um dia, ele
encontrou esta paz. O nome dela? Mary Ann. A garota conseguia calar as vozes da
mente de Aden de uma maneira misteriosa, mas se pensam que este é o casal romântico
estão enganados!
Une-se a eles na aventura para
desvendar os mistérios das almas presas na cabeça de Aden e o incrível dom de
Mary Ann, a linda princesa vampira Victória, que se envolve em um romance
proibido com Aden. Também se une a eles o lobisomem mutante Riley, que é
guarda-costas da princesa e que acaba se apaixonando por Mary Ann. Juntos os
jovens vivem aventuras alucinantes enfrentando seres muito poderosos.
O poder que este livro tem de
prender as pessoas à história é enlouquecedor, principalmente para quem adora
mistérios, lobisomens, vampiros, bruxas e segredos. A autora escreve e descreve
de maneira fantástica nos trazendo sensações diversas mesmo sendo coisas
imaginárias, sem muitas relações com a atualidade.
Um livro como esse nos tira da
realidade por instantes e impulsiona nossa capacidade de sonhar e imaginar,
portanto, deveria existir para sempre. Se um dia os bombeiros, por algum motivo
maluco, resolvessem queimar todos os livros da face da terra, como na ilustre
história fictícia de Ray Bradbury, narrada no livro “Fahrenheit 451”, deveriam
ser salvos livros como os de Gena, mesmo que não nos façam refletir sobre as
questões atuais, mas porque nos fazem viajar em nossa própria imaginação.
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