domingo, 30 de junho de 2013

3º E.M. - GABARITO AVALIAÇÃO 1º TRI 2013

PARTE A – VALE A PENA VER DE NOVO (1,0 ponto)


1) Funções da Linguagem: 


a) Texto 1: (0,35)

- Funções predominantes: Função expressiva ou emotiva, função conativa, função poética

- Justificativa:
A crônica em 1ª pess.sing. revela a visão subjetiva do cronista (f.emotiva); o vocativo “vizinho” e a estrutura em forma de “carta” revelam o receptor da mensagem (f.conativa); a forma de carta nada usual para o gênero “crônica” é recurso literário sofisticado e enfatiza a elaboração da mensagem (f.poética). Além disso, há outros recursos poéticos: figuras de linguagem, intertextualidade.

b) Texto 2: (0,35)

- Funções predominantes: Função referencial

- Justificativa:

Ênfase no referente: informações sobre a vida de Rubem Braga.

c) Texto 3: (0,3) 

- Funções predominantes: função poética

- Justificativa:
A peça publicitária do jornal é construída com o objetivo de chamar a atenção para a mensagem, sugerindo que ela é resultado de elaboração sofisticada de sua forma. Neste caso, há um trabalho com os signos da matemática, que desenham a imagem de um homem. É praticamente um poema concreto que ganha sentido completo lido em conjunto com o título: "There's more to consumers then numbers" (Há mais a consumir do que números).


PARTE B – QUESTÕES DISCURSIVAS (9,0 pontos com a síntese)

1) Anexe a esta avaliação sua síntese de estudos.(até 1,0)

2) 

a) fato cotidiano (0,5)

A reclamação que recebeu do vizinho, por intermédio do zelador do prédio, por causa do barulho em seu apartamento após as 22h00.

b) visão subjetiva: (0,5)

Uso da 1ª pessoa sing. “ Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.”

c) reflexão (0,5)

O assunto “briga de vizinhos por causa de barulho” toca em temas mais amplos e graves: a desumanização, a redução das pessoas a números, a impessoalidade das relações, a ética das relações, a utopia de uma sociedade mais amorosa.

d) tema (0,5)

Tema principal: a reificação humana, ou seja, a transformação de ser humano em coisa ou em números que tiram a identidade das pessoas na sociedade.

3) Estrutura e linguagem:

a) estrutura (0,5)

A carta, apesar de se dirigir ao vizinho do 1003, não é o formato que propicia diálogo mais direto com o leitor; porém torna forte o apelo para a reflexão de nossa conduta de cidadão. Afinal, os leitores da crônica certamente são vizinhos de alguém.

b) jargão burocrático. (0,5)

“O regulamento do prédio é explícito”, “veemente reclamação verbal”, “quem trabalha o dia inteiro tem direito ao repouso noturno”.

c) (0,5)

A primeira função é de fazer com que o leitor se familiarize com a situação. A 2ª função é a de mostrar um distanciamento entre os vizinhos, que só se comunicam via cartas encaminhadas oficialmente pelo condomínio/zelador.

d) a revelação (0,5)

A revelação de que as pessoas, no ambiente urbano, estão reduzidas a números, com relações cada vez mais impessoais.

e) os limites (0,25)

1. Sentido denotativo: fazer fronteira (com os vizinhos).

2. Sentido conotativo: ser restringido (pelos vizinhos), não ter liberdade de ser ou fazer o que deseja (ser reduzido a “coisa”).

f) advérbios e/ou locuções adverbiais na crônica (0,25)

As locuções adverbiais “a Leste”, “a Oeste”, “ao Sul”, “ao Norte”, “ao alto” e o advérbio “embaixo” apresentam a classificação semântica de “lugar”. São importantes para limitar e localizar espacialmente o morador do apartamento 1003, o cronista. Tais locuções ganham conotação irônica acompanhadas de números.

g) o humor (0,5)

Recorre ao humor irônico quando se iguala à natureza e ao Oceano Atlântico (os únicos não reduzidos a números) e em frases que mostram o absurdo da situação usando a linguagem numérica: “o 903 precisa repousar das 22 às 7 pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 (...)”.

Suas promessas também têm tom irônico e o inusitado da linguagem figurativa num assunto cotidiano e trivial: “Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo.”

h) mudança de linguagem (0,5)

A linguagem ganha tom de texto sagrado, bíblico.

i) intertextualidade (0,5)

Ocorre intertextualidade com o episódio bíblico da Santa Ceia em que Jesus ensina a seus discípulos a comunhão, repartir o pão alimento, mas também o pão espiritual. Não é por um comer literal da Sua carne, mas pelo partilhar da graça do Seu Espírito mediante a fé é que nós o comemos.

Ao ter instituído a Ceia do Senhor na presença dos seus discípulos, Jesus disse, "Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim" (Lucas 22:19), e, "Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês" (Lucas 22:20). Por essas palavras, Jesus coloca à frente os elementos do pão e do vinho representações do Seu corpo, entregue sobre a cruz, e do Seu sangue, derramado pela remissão dos pecados.

4) Tese

a) Tese (0,5)

Rubem Braga defende a tese de que o homem moderno e urbano está se automatizando e perdendo sua identidade, quando perde qualidades associadas ao que há de mais transcendente no ser humano: o sonho, a solidariedade, o amor, a paz, a comunhão com a natureza, a comunhão com outros homens.

b) recursos argumentativos (0,5)

O principal recurso está no trato com a linguagem: nas variedades linguísticas (jargões) e na linguagem figurativa. O uso da linguagem burocrática (regulamento do prédio) para relatar o fato ocorrido, o uso de figuras de linguagem (ironia, personificação do Oceano Atlântico), uso do humor crítico, o uso de intertextualidade com texto bíblico para resgatar a humanização da sociedade, o caráter divino do ser humano.Ocorrem também, na conclusão, recursos de perspectiva e hipótese.

c) conclusão (0,5)

Há proposta de solução que resgate a humanização da sociedade: a comunhão entre vizinhos, a solidariedade.

d) Diálogo entre textos (0,5)

A publicidade do Financial Times, tanto na linguagem verbal quanto na linguagem não verbal, se aproxima da crônica quando denuncia a coisificação do homem na sociedade moderna. Somos números, reduzidos a sermos localizados na cidade e na sociedade. Anônimos sem sonhos, sem o caráter divino do ser humano.

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